Bom dia, que já se faz tarde!
As palavras custam-me a sair.
Sinto-me como num daqueles primeiros dias de teatro em que queria falar do palco para a plateia e as palavras não fluíam. Mas acabavam por fluir, devagarinho! E quem fala no teatro, fala na vida. É sempre assim! Quem nunca ficou sem palavras? Eu fico tantas vezes. E tantas vezes é todos os dias. Porque todos os dias, há alguém que me as consegue roubar. Ou melhor, não diria alguém, mas... um coração, que não é um coração qualquer desses que andam ai no corpo das pessoas. Sim, pronto, o coração é pequenino. E daí? Sempre me disseram (e agora vou repetir aquela frase gasta) que as melhores essências se escondem nos mais pequenos frascos, e realmente não é mentira nenhuma.
E ele é assim, pequenino, irrequieto, mas tão cheio de tudo. É de sonhos e ambições desmedidas! É aquele que guarda em si uma felicidade contagiante, à qual não existe indiferença possível! É o coração que me rouba as palavras. Porque na verdade, todas as minhas palavras, frases, pontos, dois pontos e virgulas, habitam nesse pedacinho de amor, que não é meu. É nosso. E que será sempre o lugar secreto, do qual só eu sei o caminho, onde vou buscar a essência das minhas (nossas) palavras!